Vou contar uma
história que me aconteceu há uma semana.
Estou
lendo um livro em que o autor explica todos os detalhes de cena, entra nos
pensamentos de todas as personagens e explica cada mínima sensação deles. Talvez
por isso, quando desci do ônibus na central do Brasil, depois de um capítulo
inteiro, estava totalmente mergulhada nos meus pensamentos, narrando cada um,
como no livro. Até que uma imagem me chamou a atenção.
Atravessando
a Presidente Vargas vi um casal de jovens com toda a pinta de “favelados” no
pior sentido da palavra. Notei o casal quando o rapaz passou na minha frente e
eu percebi que ele estava usando um boné e uma bermuda. Estava sem camisa e
descalço.
Narrando meus
pensamentos, sem perceber eu taxei, classifiquei, cataloguei o menino e arquivei
o pensamento. Estava pronta a minha imagem daquele menino, e era a pior possível.
Minha primeira impressão, e dizem que é a que fica, não é?
Voltei a
elaborar pensamentos quando a menina passou na minha frente, usando um
vestidinho que também a classificaria como “favelada” seguindo o meu
julgamento. Reparei que ela estava usando chinelos, e por sinal, um chinelo
preto enorme.
Demorei quase
uns três minutos para fechar a cena na minha cabeça, e talvez, se não estivesse
inspirada pelo livro a investigar cada pensamento, não teria percebido que meu
primeiro julgamento era um absurdo. Aquele menino favelado era provavelmente o
homem mais cavalheiro que eu já vi. Conheço muitos homens educados e que seriam
incapazes de fazer uma grosseria com uma mulher. Mas sinceramente, duvido que
algum deles andasse descalço na central do Brasil para dar os sapatos para uma
menina.
Fica a dica. Olhe
sempre uma segunda vez, não se prenda à sua primeira impressão.
Maria
Fernanda C. Machado
08/12/2012
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