sábado, 8 de dezembro de 2012

Julgamento precipitado


Vou contar uma história que me aconteceu há uma semana.
       Estou lendo um livro em que o autor explica todos os detalhes de cena, entra nos pensamentos de todas as personagens e explica cada mínima sensação deles. Talvez por isso, quando desci do ônibus na central do Brasil, depois de um capítulo inteiro, estava totalmente mergulhada nos meus pensamentos, narrando cada um, como no livro. Até que uma imagem me chamou a atenção.
       Atravessando a Presidente Vargas vi um casal de jovens com toda a pinta de “favelados” no pior sentido da palavra. Notei o casal quando o rapaz passou na minha frente e eu percebi que ele estava usando um boné e uma bermuda. Estava sem camisa e descalço.
Narrando meus pensamentos, sem perceber eu taxei, classifiquei, cataloguei o menino e arquivei o pensamento. Estava pronta a minha imagem daquele menino, e era a pior possível. Minha primeira impressão, e dizem que é a que fica, não é?
Voltei a elaborar pensamentos quando a menina passou na minha frente, usando um vestidinho que também a classificaria como “favelada” seguindo o meu julgamento. Reparei que ela estava usando chinelos, e por sinal, um chinelo preto enorme.
Demorei quase uns três minutos para fechar a cena na minha cabeça, e talvez, se não estivesse inspirada pelo livro a investigar cada pensamento, não teria percebido que meu primeiro julgamento era um absurdo. Aquele menino favelado era provavelmente o homem mais cavalheiro que eu já vi. Conheço muitos homens educados e que seriam incapazes de fazer uma grosseria com uma mulher. Mas sinceramente, duvido que algum deles andasse descalço na central do Brasil para dar os sapatos para uma menina.
Fica a dica. Olhe sempre uma segunda vez, não se prenda à sua primeira impressão.
Maria Fernanda C. Machado
08/12/2012

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