Depois de uma manhã cansativa de
não fazer nada, sozinha no quarto do meu namorado, resolvi acordar, preparar
café e dar uma arrumada no quarto. Quando todas essas tarefas acabaram, resolvi
aproveitar a internet do meu celular, sem pesquisar nada, apenas vendo o que
vinha até mim, como promoções do dia da amazon ou os meus e-mails.
Joguei
fora e-mails falando de bolsas de estudos internacionais pensando “isso não me
pertence mais”, depois fui vendo como recebo vários e-mails de assuntos que eu
realmente gosto, mas que ficam lá, se acumulando para sempre porque nunca tenho
tempo de ler (apesar de viver esses momentos de tédio e de um nada extremamente
cansativo).
Resolvi
abrir um e-mail de um canal que eu assinei sobre yoga. Amo fazer yoga, mas
acabo não fazendo quase nunca, e depois que comecei a namorar, faço ainda
menos. O e-mail não era sobre yoga, mas sobre hábitos alimentares, que é outro
assunto que eu amo. Não pude ver o vídeo porque estou sem internet, e só
consigo abrir os e-mails, então dei uma estrelinha para lembrar de ver nas
horas eu estiver em casa com o meu computador e a minha internet, assim como
faço com as vagas de emprego que chegam para mim.
Abri
então um newsletter de um site que eu gosto muito e consegui clicar no link e
abrir uma matéria (de novo só o texto), sobre água alcalina. Já passei dias
pesquisando esse assunto, e cheguei até a colocar coisas na água que eu bebia, como
deixar um limão aberto dentro ou um pingo de leite de magnésia.
Fiquei
com muita vontade de abrir o vídeo e tentar alcalinizar água, com vontade de
pegar meu mat velho que está encima do armário e fazer uns asanas, mas não
posso. (Okay, a yoga eu não faria de qualquer jeito porque eu fiz uma cirurgia mês
passado e levei pontos na musculatura abdominal), mas eu também não faria a
experiência com a água pelo fato de não ser a minha casa.
De
repente voltou na mina cabeça uma fantasia horrível que eu tinha tido mais cedo
quando eu acordei. Me senti no filme “o
quarto de Jack”, como se eu estivesse trancada aqui, esperando o meu namorado
chegar.
Percebi
então que não faço mais as coisas que eu gosto. Não escrevo mais no meu diário,
não faço mais artesanato, não crio mais comidas diferentes, não faço mais
coisas doidas no cabelo e nem pinto mais as minhas unhas. Atualmente, de todas
as coisas que eu faço pra me distrair, a única que ainda tenho feito é ler, e
mesmo assim, toda vez que sou flagrada com o meu kindle eu escuto alguma
piadinha ou ironia.
Foi
então que uma frase se materializou na minha cabeça, como se outra pessoa tivesse
colocado lá pra mim. “Estou com Saudades de mim”. E depois parei pra pensar... “Quando
foi que eu deixei de ser eu mesma?” Essa pergunta trouxe à tona várias coisas que
eu estou sentindo desde de manhã. Só posso ser eu mesma na minha casa, onde ser
eu mesma não vai incomodar ninguém. E no contexto atual, acho que nunca vai
acontecer.
Estou
com medo. Medo de não ser eu mesma e de ficar velha como algumas mulheres que eu conheço, achando que meu namorado “me deve” alguma coisa por ter “roubado” os
melhores anos da minha vida, quando na verdade, fui eu que aceitei e escolhi
estar aqui.
9/9/17
Maria Fernanda C. Machado
Nenhum comentário:
Postar um comentário