sábado, 23 de novembro de 2013

O melhor feedback

     Hoje me aconteceu algo marcante. Fui pra o trabalho cobrir um colega pois não estou trabalhando aos sábados. Dei a primeira aula e ouvi minha colega dando aula para a minha antiga turma. Bati na porta e abri pra perguntar “Hello, How are you doing?” Para a minha surpresa, os alunos gritaram “teacher!” e levantaram correndo pra me abraçar. Fui agarrada por três pré-adolescentes que não queriam soltar e nem voltar pra aula deles.
     Depois disso, foi a hora de dar a segunda aula do dia. Eu já tinha dado uma aula antes nessa turma, e sabia que alguns alunos tinham dificuldade, por isso dei uma atenção especial para eles, e me surpreendi de ver como eles tinham melhorado em três semanas. Ao final da aula ouvi a pergunta “Você dá aula aqui sempre? ... Eu gostei de ter aula com você.”
     Essas duas perolazinhas do dia me fizeram pensar muito. Isso tem um gostinho bom que nenhuma outra área de trabalho dá. O gostinho de reconhecimento. Pensei, pensei e consegui elaborar isso melhor.
     Sou psicóloga e batalhei muito pra entrar na área de RH. Trabalhei um ano e meio com recrutamento e seleção, e poderia ter trabalhado por 30 anos, acho que nunca veria um chefe me chamar pra dizer que meu trabalho está muito bom, que as metas foram alcançadas e que eu estou de parabéns. Na verdade, a sensação que eu fiquei ao trabalhar em uma empresa foi de que feedback é sempre algo negativo, porque quando você é bom, não está fazendo mais do que a sua obrigação, como se o salário que você recebe fosse o elogio que ninguém te dá.
     Não estou dizendo que quando a gente dá aula o chefe e os colegas são bonzinhos, mas comigo, os elogios ao meu trabalho têm sido repassados para mim. Como psicóloga eu sei que isso é muito importante para a motivação de um profissional, e como pessoa, eu sei a falta que isso faz na hora de acordar cedo numa segunda-feira pra ir pro trabalho (o que agora não é mais o meu caso).
     Assim como os exemplos de hoje, percebi que tenho outros. Tenho alunos que chegaram no primeiro dia de aula falando que detestam inglês, que é uma matéria muito chata e que só estão no curso porque a mãe obrigou, e hoje em dia os mesmo alunos tiram as melhores notas da turma e falam a toda hora “Tia, inglês é muito fácil!”. Pais que falaram que tinham que arrastar os filhos para a aula, e que agora os filhos gostam de ir. Alunos que me pediram ajuda porque estavam mal e tinham realmente uma dificuldade, alunos que quase ficaram reprovados, e que agora estão acima da média sem precisar ajuda.
     Claro, como em qualquer lugar, nem tudo são flores. Tenho alunos bagunceiros, alunos que tentam desafiar a minha autoridade em sala de aula, alunos que acham que eu tenho que ter um dicionário na minha cabeça e alunos que não concordam com o meu modelo de lecionar. Mas aí sim, eu acho que isso pode ser considerado um tipo de feedback negativo daqueles que faz a gente repensar no nosso modo de trabalhar e crescer como profissional e como pessoa, muito melhor do que um chefe dando bronca e cobrando prazos.
     Me chamo Maria Fernanda, e nunca decidi ser professora. Sou formada em psicologia, trabalhei em RH e queria trabalhar com treinamento (tá, talvez já tivesse um tempero de teacher nessa minha escolha), mas como psicóloga não estava dando certo. Fui dar aulas pra não ficar parada, e hoje em dia acho que eu não trabalho na carreira que eu escolhi, trabalho na área que me escolheu.
Maria Fernanda C. Machado
23/11/2013

sexta-feira, 13 de setembro de 2013

Sensação estranha



Ando levando uma vida bem sedentária e bem parada, eu admito. Isso não tinha me incomodado tanto até essa ficha cair hoje.

Às vezes acho que deveria fazer uma aula de pilates, outras vezes penso em comprar uma bike, meu pai acha que eu devo voltar a malhar... E no fim, nem yoga na minha casa eu faço.

Hoje é minha folga e eu acordei super tarde, o sol estava muito forte, e do nada me bateu a ideia de pegar meu short de corrida, botar uma blusinha ventilada, boné e tênis e sair correndo por aí. Fiz isso poucas vezes, mas agora o trânsito está todo desviado pelas ruas pequenas por onde eu andava. Não estou afim de carros passando e me observando, fora que se eu quero praticar um esporte o ideal é que eu saia do monóxido de carbono, né?

Tive outra ideia. Como hoje é sexta, pensei em pegar um ônibus e ir para o posto 8 da Barra mesmo (que deve estar habitável num dia de semana). Pensei em levar uma bolsa pequena só com o essencial e uma canga, esticar a canga na areia, fazer uns asanas e meditar um pouco, depois ia andando pro Barra Shopping, fazia uma gordice costumeira e voltava pra casa.

Não fiz porque a minha irmã me lembrou de um detalhe importantíssimo: Hoje é a abertura do Rock in Rio. Só tem um lugar que vai ficar pior do que a Barra, vai ser o caminho que eu faço pra ir pro trabalho em Vargem Pequena. Ainda bem que a minha irmã estava atenta aos detalhes.

Fiquei pensando onde eu poderia correr ou fazer yoga aqui por perto da minha casa, e descobri que eu posso correr na rua aspirando fumaça e fazer yoga no meu quarto. Não tem nenhum espaço aberto em Jacarepaguá pra se praticar esportes por conta própria. Não tem parques, as praças estão em obras (eu não faria yoga na praça mesmo). Mas os moradores ficam sem opção de se exercitar ao ar livre.

O dia passou e eu não saí de casa. Não concluí nada com essa historia. Estou me sentindo estranha, como se eu conseguisse perceber um pedido que o meu corpo me fez, e que os corpos todos fazem para as pessoas (mesmo que a maioria não note) e eu não posso fazer nada. Alguma ideia? Aceito sugestões nos comentários.

13/09/2013

Maria Fernanda C. Machado

sexta-feira, 19 de julho de 2013

Aniversário


     É, não tem como fugir mais, os 30 vão me pegar daqui a um ano. Dias após o meu aniversário de 29 com cara de 22, resolvi me dar um presente. Se eu soubesse que um óculos escuro gigante deixava a gente bonita instantaneamente desse jeito, tinha comprado aos 15... Hehehe
Bjs

sexta-feira, 1 de março de 2013

Pobres vítimas da moda

Como vocês podem ter percebido pelo resto do blog, eu fui uma adolescente anti-moda. Nunca usei a roupa da moda e, claro, sempre inventei nos cabelos para nunca estar na moda com eles. Hoje, com 28 anos, percebo que o anti-modismo nada mais é do que um fruto da moda. Não é uma tendência original, mas existe uma moda paralela para os adolescentes “loucos” que querem parecer diferentes da maioria.

Mas isso não é um problema. A moda tira a nossa personalidade na hora de escolhermos roupas e acessórios, mas nos iguala a todos. Já a anti-moda, geralmente afirma a nossa personalidade e nos faz parecer diferente. O que me preocupa é um fenômeno que sempre existiu e sempre existirá no mundo. As pobres vítimas da moda.

Minha intenção não é negar a moda, na verdade, agora que superei minha vontade de ter um visual agressivo com cabelos roxos, percebo que coisas boas entram na moda, e isso é muito bom, porque elas ficam mais fáceis de encontrar. Por exemplo, calças de malha. É lindo ver o jeans dividir espaço com uma roupa confortável nas araras de loja, especialmente porque essas roupas passam a ser mais baratas.

A questão é quando uma coisa disfuncional entra na moda e vira epidemia entre as menininhas sem personalidade que estão tão habituadas aos modismos que aderem, sem nem ao menos parar para analisar.

Percebi em dois exemplos. O primeiro foram as unhas de pelúcia, não tem nem o que discutir, né? Como é que essas pessoas lavam as mãos? Fica úmido depois? Agora já tem até unhas com bolinhas, pra ficar tipo chocolate granulado colado em um brigadeiro. O outro foi a nova saia da moda.

Com um calor imenso no Rio, as saias ganham espaço. Eu, por exemplo, comecei a comprar saias longas. As saias longas dão um visual super chique, deixam qualquer look parecendo mais arrumado, mas elas cobrem as pernas. Ouvi pessoas apontando para a saia que eu estava segurando na fila de um provador e falando “Eu? Botar uma saia até o meu pé? Mas nem morta!” Ok, é uma opinião (que não precisava ser falada nesse momento, mas a opinião dela). E aí, tentando criar o visual piriguete-chique, foi relançada a saia curta na frente e longa trás.

Ok, vai, um visu diferente, mas as saias estão virando cintos na frente e um rabo de noiva atrás. O resultado: Se você vai pra uma festinha pra dançar, vai ter um “rabo” te atrapalhando, e se você quer um visu chique, a não ser que a parte da frente chegue no joelho, o “rabo” não vai ajudar em nada.

Todos temos alguns exemplos de roupas disfuncionais, que entram na moda e viram epidemia. Mas até um ato simples, como comprar uma roupa, deveria exigir uma análise do porquê, de qual ocasião a roupa vai ser usada, se vale o preço que custa (ou se vale uma parcela por 6 meses no seu cartão). Pena que as pessoas compram para espairecer, e se negam a pensar durante a compra.