quinta-feira, 9 de agosto de 2012

O pequeno príncipe

Tá aí uma história que todos sempre amaram, menos eu. Nunca tive paciência para ler este livro, porque quando eu era pequena, muito pequena mesmo, eu vi o filme, e eu achava insuportável, mas as pessoas grandes insistiam em colocar de novo.

Agora, com 28 anos na cara, resolvo ler o livro, afinal, o que eu tenho a perder? É um livro infantil, vou ler rapidinho. Minha grande surpresa foi que o livro é bom.



As pessoas falam que o livro fala de amor, mas fala muito mais do que isso. Quando o príncipe viaja para os planetas pequenos antes da terra por exemplo, ele encontra figuras ótimas. Eu adorei o rei e o empresário. Duas figuras que a gente vê por aí todos os dias e não para pra pensar.



A lógica sem sentido do empresário é ter estrelas para ser rico e poder comprar cada vez mais estrelas, ou seja, não muda nada na vida dele. O raciocínio do rei é perfeito. Se ele dá uma ordem impossível de ser cumprida, o erro é dele, não de quem desobedece. E ele cai no extremo oposto de mandar o menino fazer tudo o que ele diz que quer fazer, porque aí o menino vai obedecer.

Após ler o livro, resolvi ver o filme de novo, para entender porque uma história tão bonitinha me causava tanta angustia. Achei o filme na internet (é o único que já foi feito). O filme é 10 anos mais velho que eu, ou seja, os efeitos especiais são precários, década de 70 era a época dos musicais e as pessoas grandes reprimiam mais o seu lado infantil, ou seja, percebi que o maior defeito do filme foi ter a sua interpretação segundo uma pessoa grande, não segundo uma criança, como é escrito no livro.



Segundo o Wikipédia, a estrela do filme é o ator que faz o aviador, e o menino é um coadjuvante! Claro, o aviador canta o tempo todo, né? Assistindo o filme reparei que a rosa é sedutora, quase pornográfica com o menino, os planetas que ele visita antes da terra são todos distorcidos, e o grande lance do filme é promover os atores que deveriam ser coadjuvantes, mas que na verdade são todos personagens principais. Cantam, dançam, sapateiam e fazem o menino ser um mero detalhe na cena.



O filme é distorcido em coisas grandes, como por exemplo o poço do livro ser um oásis no filme. Mas para mim, as faltas mais graves são duas: A cobra e o fim da história.



No livro eu não percebi a cobra querendo enganar o menino para poder morde-lo, se fosse este o objetivo, ela não teria deixado o menino ir da primeira vez, teria mordido logo, não é? A serpente diz para o príncipe “Aquele que eu toco, eu devolvo à terra de onde veio – continuou a serpente. – Mas tu és puro e vens de uma estrela...” (p. 60). A serpente não é a malvada da história como no filme.



Sobre o fim da história, a distorção é absurda. O livro diz: “Tenho certeza que ele voltou para o seu planeta, pois, ao raiar do dia, não encontrei seu corpo.” (p. 91). Já no filme, quando o aviador não encontra o corpo, ele chega à conclusão de que o menino nunca existiu! Era um delírio que a mente dele criou para que ele sobrevivesse ao deserto. E cadê o olhar de criança desse filme?



Bom, gente, depois de expressar minha indignação com esse filme, fica aqui a minha posição. O filme não vale a pena, mas o livro vale muito. Se alguém está na mesma situação que eu de evitar ler o livro por causa do filme, esqueça esse filme feito por pessoas grandes, e leia o livro feito por alguém que entende a jiboia digerindo um elefante!



Bj